Quando entrei no Ginásio, logo no Curso de Admissão, lá pelos idos de 1960, Padre Henrique foi meu professor. Nesse curso ele lecionava português. Quando ingressei no curso ginasial e durante todo o curso tive o privilégio de ser aluno de Padre Henrique nas matérias de Português e Latim. Padre Henrique era um professor diferenciado; enérgico, disciplinador e excelente professor. Sabia ensinar como poucos. Na época dizíamos que Padre Henrique era bravo, hoje entendemos que era apenas exigente. Não dava moleza mesmo. Mas uma coisa é certa, todos nós que tivemos a sorte de ser seus alunos hoje só temos é que agradecer por tudo que aprendemos com ele. E quem não aprendeu foi porque não se interessava. Azar deles (ou nosso).
Além de excelente professor, Padre Henrique ainda era o responsável pelos Coroinhas. Éramos mais de 50. Naquela época a missa era em latim e, como Padre Henrique era professor de latim, tínhamos que dar conta do recado.
Estou nessa. Na segunda fileira sou o primeiro da esquerda.
Prof. Cassemiro, Prof. Armindo, Profª. Vera Savernini, Padre Henrique, Prof. Ivonise, Prof. Lucilo, Padre Higino, Prof. Sales, Prof. Guilhermina, ?
Um fato interessante é como abandonei a batina de coroinha. É o seguinte. Na chamada missa vespertina, que era aquela celebrada aos domingos à 19:00 horas, tinham 16 coroinhas ajudando a missa, 7 de cada lado do altar e os 2 que realmente eram os que ajudava a celebração da missa. Em todas as missas vespertinas, que chamávamos de “Missa Dialogada” havia a benção do Santíssimo que, necessariamente, tinha a queima do incenso, para o que se utilizava o turíbulo. E o que acontece é que um dos 14 coroinhas que ficavam ao lado do altar era previamente escalado para ajudar a benção. Assim, em determinado momento da missa esse coroinha saia, ia na Sacristia pegava o turíbulo, descia toda aquela escadaria e ia na Casa do Sr João Antônio, cuja casa era no “pé da escada” (Olhe que eram mais de 100 degraus), colocava o carvão em brasa no turíbulo e subia a escadaria balançando o tribulo para que as brasas não se apagassem,
Aqui é que entr,a minha história. Em uma missa eu estava escalado para ajudar a benção. Fiz tudo certo. Fui na Sacristia, peguei o turíbulo, desci a escadaria, coloquei as brasas no turíbulo e fui subindo a escadaria. Ocorre, que na subida encontrei um amigo, o Paulo "Biscoitninho", e subimos conversando. O papo estava tão bom que esqueci de subir balançando o turíbulo, e não deu outra, a brasa virou carvão apagado. Fiquei doido. Ao chegar na Sacristia, chamei o Tião (filho do Zé Roque), que era o Sacristão e falei. “Olha Tião, o Turíbulo apagou, me ajuda ascender de novo”. O fedazunha olhou p’ra mim, deu uma risadinha de sacana e falou “Se vira, você não é quadrado”. Eu me virei mesmo. Coloquei o turíbulo no chão, arranquei a batina, pendurei-a no cabide e rachei fora. Confesso que até hoje não sei como fizeram a celebração da benção. Por sorte, quem celebrava a missa não era o Padre Henrique, era Padre Drehmans. Se Padre Henrique ficou sabendo não me disse nada.
Depois desta, abandonei a “carreira” de coroinha. Só voltei a ajudar uma missa muitos anos depois e por insistência de Padre Hildebrando, que um dia foi na minha casa, lá na Cidade Alta, e me disse : “ Ô Juca, vou precisar de uma ajuda sua”, respondi; “Pois não Juca, o quer que eu faça?”. Disse ele; “É o seguinte, tem um amigo nosso aí que eu estou precisando levar na igreja, por isso, chamei ele p’ra ajudar uma missa”, Eu não entendi nada e perguntei :” Tá legal, mas e daí? . Disse ele; “ É que ele não entende nada de missa, e como você já foi coroinha, pode dar uma força”. É claro que ninguém iria negar um pedido de Padre Hildebrando, muito menos eu. Aceitei e nem perguntei quem seria o outro coroinha. À noite, quando cheguei na igreja, para minha surpresa lá já estava preparado o outro coroinha. Era o HERMES CAPETA, que, aliás, saiu-se até bem como coroinha.
Até breve !!!