Na década de 60 as opções de lazer por aqui eram poucas. Mas começavam cedo. Aos domingos logo pela manhã, ali pelas 10:00 horas, já começava a hora dançante no Grêmio. Paralelamente, nas duas quadras com piso de cimento e descobertas, podia se curtir uma partida de futebol de salão, ou uma partida de Vôlei e até mesmo de Basquete. Assim, enquanto uns dançavam, outros praticavam esporte, a criançada aproveitava a piscina e outros se deliciavam com cervejinha acompanhada de deliciosos tira gostos. O melhor era o churrasquinho. No caramanchão os pés de valsa, ao som dos discos de vinil, davam o recado. E realmente dançavam bonito. Os ritmos preferidos dos pés de valsa eram o mambo, o bolero, o fox e outros da época. Algumas músicas não dá para esquecer; Aqueles Olhos Verdes, Perfídia, La Bamba , La Cucuracha , Tema de Lara, e outras. Nos últimos tempos, quem comandava o som era o gente boa chamado Tipão, que morava na Vila Tanque. Era ele quem também atendia a vários pedidos de músicas. Isto quando estava bem humorado. Mas quase sempre estava.
Havia também um cinema lá no Grêmio. Isto sim, um cinema. Dos filmes que ali assisti, dois não me saem da lembrança; “Assim caminha a humanidade” e “Juventude Transviada”.
Além dos domingos pela manhã, de segunda-feira a sábado tinha as horas dançantes à noite e, normalmente, às quintas-feiras era com música ao vivo.
Por ali a turma se esbaldava até lá pelas 13:00 horas. Depois, alguns ainda sóbrios e outros pra lá de Bagdá, procuravam outro destino, cujas opções eram poucas, mas legal.
Uns iam para o campo do Jacuí assistir uma partida de futebol, que naquela época compensava. Para ir ao Jacui tinham duas opções, a pé pela linha férrea ou de caminhão com carroceria aberta e que eram oferecido pela Belgo Mineira.
Ao chegar, a pé ou de caminhão, uma turma ia comprar o ingresso e outra tratava de procurar um lugar adequado para pular o muro e economizar no ingresso. Interessante é que a turma era tão viciada em pular o muro que isto se fazia até quando os jogos eram de portão aberto, ou seja, não se cobrava ingresso. Era o vício. E realmente era mais interessante entrar clandestinamente.
Outra opção era ir direto para o Caça e Pesca, onde a hora dançante começava ali pelas 14:00 horas. E tome mais dança. No Caça e Pesca tinha a vantagem que a música quase sempre era ao vivo, com Zé Teco e seu Conjunto, além de outros. Ali continuava o que havia iniciado no Grêmio. Tanto no aspecto etílico como dançante. Por ali a turma ficava até lá pelas 18:00 horas.
No Caça e Pesca havia também a opção de assistir os torneios de “Tiro ao Prato” que eram sempre muito interessantes. Havia exímios atiradores. Por uns tempos tentaram implantar o “Tiro ao Pombo”, mas este esporte, se é que se pode chamar de esporte, por razões obvias não durou muito.
Após o Caça e Pesca ou a partida de Futebol no Jacuí, tínha-se um tempinho para ir em casa dar uma lavada no esqueleto, e, se necessário, um reforço no estomago. Trocava-se de roupa e, direto para a saudosa praça do cinema. Ali, normalmente curtia-se a primeira seção no Cine Monlevade e, em seguida, escolhia-se o Ideal Clube ou Clube União Operário, para mais dança e mais reforço etílico. As horas dançantes terminavam por volta de 23:00 horas, já que era o horário dos últimos ônibus, cujos itinerários eram apenas Vila Tanque e Carneirinhos.
Como se pode ver, divertia-se com o pouco que se tínha. Mas éramos felizes. E talvez não sabíamos.
Após toda esta maratona, alguns ainda não satisfeitos se aventuravam a terminar a noite, e iniciar a segunda-feira, na Boemia. E tome Zé Abade, onde pegava fogo o Cabaré,
Na segunda-feira, no serviço era cada um com aquela cara amarrotada, cheio de ressaca e vergonha das palhaçadas do dia anterior, mas isso passava e logo estavam todos prontos para outra.
Vida que segue!
Até breve !!!
Belo texto, fotos inequeciveis, um ótimo trabalho.Como na música do rei: belas tardes de domingo.
ResponderExcluirObs.: A gente era feliz e não sabia.
Um abraço...