O viaduto, como era simplesmente chamado, era uma obra esplêndida, tanto no aspecto técnico de sua construção como sua arquitetura e utilidade. De fato, para época em que foi construído, na década de 30 ou 40, não sei ao certo, tratava-se de uma construção arrojada e de extremo bom gosto no quesito arquitetônico. Na verdade é quase impossível descrevê-lo. Somente quem o conheceu e dele se utilizou poderá entender o que vou tentar explicar.
O viaduto iniciava próximo à antiga Praça do Cinema com suas escadarias frontais, sem proteção lateral,, onde subia-se 65 degraus. Após o último lance dessa escadaria frontal iniciava o viaduto propriamente dito com um lance de treze degraus. Era tipo uma passarela com largura em torno de dois metro e meio, ai sim, tinham as proteções laterais. Após subir o primeiro lance de escadas andava-se uns dez metros e subia outro lance com mais 13 degraus. Dai seguia-se em linha reta em mais 5 lances planos e mais 5 lances de escadas, portanto, mais 65 degraus. Já são 130 degraus. Mas ainda não acabou. No final dos 5 lances planos e cinco lances de escadarias, à esquerda tinha uma das portarias da Belgo, que pode ser vista na foto onde aparecem dua janela. Depois da portaria o viaduto fazia uma curva de 90 graus para a esquerda e seguia paralelo à portaria.Em seguida mais três degraus, virava-se um pouco para a direita e mais um lance plano de mais ou menos 10 metros e terminava o viaduto. Daí subia-s um pequeno morro, de mais ou menos 30 metros e chegava, enfim, na Rua Tamoios. Do lado esquerdo tinham três feiras que vendiam de quase tudo. Atendiam os moradores das Ruas Tamoios, Tabajaras e Aimorés. Ali era onde os caçadores e pescadores, dos quais me lembro do Senhor Gemi, com sua cadela Baleia, do Senhor Domingo Papa e o Senhor Gentil se encontravam diariamente para contar seus causos "rigorosamente verdadeiros", mesmo porque caçadores e e pescadores detestam mentiras. Ficavam bravos quando alguém se atrevesse a duvidas de suas façanhas.
VISTO POR OUTRO ÂNGULO
A utilidade daquele viaduto decorria do fato de que atendia os moradores das Ruas Tamoios - mais ou menos 130 casa -, Rua Tabajara - mais ou menos 100 casa - e Rua Aimorés - mais ou menos 90 casas -(onde morei na casa nº 307 dos meus 7 aos 14 anos). Assim, partindo-se do princípio de que naquela época cada família era constída, em média, de 5 pessoas, o viaduto era utilizado por, no mínmo, 1600 pessoas, além dos pensionistas da Pensão Grande, na Rua Tabajaras, cuja arquitetura era identica à do Hotel Santo Elói e onde moravam em torno de 60 penssionistas. Era o melhor lugar para pegar sapato para engraxar, cada um penssionista tinha uns 5 a 6 pares de sapatos. Também carreguei muita marmita para os que ali moravam.Fui boieiro e engraxate.
Um detalhe na primeira foto é que aquele galpão preto que aparece do lado direito de quem sobe abrigava alguns tanques com produtos químicos e eram utilizados para fazer tratamento das madeiras utilizadas na construção das casas da Rua 22, na Vila Tanque, onde também morei, mas apenas uns 4 a 5 meses, depois mudamos para a Rua Aimorés.
Bem, a idéia foi transmitir um pouco do que ainda me lembro de uma das mais belas obras de nossa cidade.
Até breve !!!
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