sábado, 8 de setembro de 2012

TRIBUTO AO SAUDOSO VIADUTO.


 

 

O VIADUTO

 

 

O viaduto era uma construção esplêndida, tanto no aspecto técnico de sua construção como sua arquitetura e utilidade. De fato, para a época em que foi construído o viaduto foi uma construção arrojada e de extremo bom gosto arquitetônico. Na verdade é quase impossível descrevê-lo, somente quem o conheceu e dele se utilizou pode entender o que estou tentando dizer. Vou tentar descrevê-lo de acordo com minhas parcas possibilidades de escrivinhador.
 

 

O viaduto iniciava na Praça do Cinema com as escadarias frontais e sem proteção lateral, onde subia-se 65 degraus. Após o último lance dessa escadaria frontal iniciava o viaduto propriamente dito que iniciava com um lance de treze degraus.  Era tipo uma passarela, com uma largura em torno de dois metros e meio, ai sim, tinham as proteções laterais.  Após subir este primeiro lance, andava-se uns dez metros e subia outro lance  com mais treze degraus. Assim, seguia-se em linha reta em mais cinco  lances planos e cinco lances de escadas, portanto, mais sessenta e cinco degraus, logo, já são 130 degraus. Mas ainda não acabou. No final desses cinco lances e escadarias, à esquerda, tinha uma das portarias de entrada para a Belgo. Depois da portaria, o viaduto fazia uma curva de 90 graus para a esquerda, seguia paralelo à portaria e, em seguida, mais três degraus, virava um pouco para direita andava uns cinco metro e terminava o viaduto. Daí, subia-se um pequeno morro de mais ou menos trinta metros e chegava, enfim, na Rua Tamoios. Do lado esquerdo tinham três feiras que vendiam de quase tudo, atendiam as Ruas Tamoios, Tabajaras e Aimorés. Ali era onde os caçadores e pescadores, dos quais me lembro do Senhor Gemi e Senhor Domingos Papa, de vez em quando lá aparecia também o Senhor Gentil, que ficavam por ali contando seus causos “rigorosamente verdadeiros”, mesmo porque caçador e pescador detestam mentiras. Ficavam bravos quando alguém duvidava de suas façanhas.

 

A utilidade daquele viaduto decorre do fato de que atendia as Ruas Tamoios – mais ou menos 130 casas – Rua Tabajara – mais ou menos 100 casas e Rua Aimorés – mais ou menos 90 casas -. Assim, partindo-se do princípio de que naquela época cada família era constituída, em média, de 5 pessoas, chega-se em torno de 2000 pessoas, além da Pensão Grande, na Rua Tabajaras, cuja arquitetura era igual ao Hotel Santo Eloi. Ali moravam em torno de umas 60 pessoas. Era o melhor local para pegar sapato para engraxar. Carreguei marmita para muitos daqueles pensionistas, Fui boieiro e engraxate.  

 

 

2 comentários:

  1. Taquinho, parabéns pela ideia do blog, amei, lindo mesmo... enquanto estava lendo a sua crônica sobre o viaduto, fiquei visializando-o, porque eu morava na Tabajaras, 484, subia e descia este viaduto, correndo diga-se de passagem, e saltando degraus, ou seja, eu só descia de 2 em 2. É uma pena q acabaram com ele, como vc disse "era uma bela arquitetura".
    Lembro-se que meu pai trabalhava na mecânica, q ficava logo abaixo dele, perto da portaria, à direita de quem subia, eu ficava lá parada tentando vê-lo... ele não gostava... quando me via eu saia correndo. Depos vou contar histórias deste viaduto aqui.

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  2. Vear, seu pai, além de excelente PROFESSOR, era uma figura impar, alem de aluno, fui também amigo dele. Ele muito me incentivou quando iniciei meu curso de Direito. Jamais vi uma pessoa com o caráter e a personalidade do Prof. Armindo. Brigou muito comigo no Ginásio, mas sempre com razão. Com certeza, se hoje sou um dos poucos advogados que tem intimidade com a matemática. Graças ao seu saudoso e valoroso Pai. Uma pergunta, em casa ele era tão enérgico e disciplinador como era no Ginásio?

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